Reabilitação Oral
O DESDENTADO TOTAL
A Reabilitação Oral é actualmente uma especialidade dentro do vasto mundo da medicina dentária que possibilita, de forma individual e multidisciplinar, atribuir a cada doente um plano de tratamento ideal, com alternativas, que lhe devolva funções perdidas, como a mastigação, a deglutição, a fonação correcta, uma melhor função das articulações têmporo-maxilares, a estética, o conforto e a auto estima, procurando um equilíbrio entre os seus desejos, capacidades e expectativas.
No sentido de alcançar o plano de ideal de tratamento para o seu doente, o clínico deve, depois de elaborar uma história clínica tendo em conta o motivo da consulta e expectativas, proceder à sua avaliação através de um exame clínico orientado e sempre que se justifique, de exames auxiliares de diagnóstico, alguns dos quais indispensáveis para a avaliação de qualquer candidato à colocação de implantes.
De forma a minimizar o transtorno ou a necessidade de uma segunda consulta é actualmente possível a realização no imediato destes mesmos exames na nossa clínica.
Após a observação clínica de todas as estruturas, como rebordos ósseos de ambos os maxilares, mucosas e restantes estruturas envolventes assim como o estudo e avaliação de todos os exames complementares, essenciais nos casos de colocação de implantes porque permitem descartar a existência de patologia oculta, avaliar a quantidade de osso disponível e a proximidade de estruturas como os seios maxilares e as fossas nasais no caso do maxilar superior ou do canal dentário no caso da mandíbula, é então possível definir o número e características dos implantes que poderão ser colocados tendo em conta o tipo de reabilitação que se entendeu não apenas ideal para o doente como também a que mais se adequa aos desejos deste.
Desejos do doente desdentado total
O doente desdentado total é o tipo de doente que mais frequentemente procura ajuda clínica com a intenção de converter ambas as suas próteses totais removíveis em fixas.
A incapacidade de suportar as próteses removíveis resulta da desadaptação devida à reabsorção óssea progressiva do rebordo ósseo de ambos os maxilares que se inicia no momento em que os dentes anteriormente presentes são extraídos.
O processo de reabsorção óssea contudo pode variar de doente para doente, por múltiplos motivos, como a presença de doença periodontal em que há perda óssea alveolar ainda com os próprios dentes, como a utilização prolongada de próteses parciais ou totais removíveis desadaptadas.
Porquê os implantes dentários?
Os implantes dentários são dispositivos biocompatíveis colocados intraósseos e que têm como função substituir artificialmente as raízes de dentes perdidos.
A sua utilização tanto se destina à substituição de um único dente perdido como, através de um adequado plano de tratamento e com a selecção do número de implantes necessário, à substituição da totalidade dos dentes de ambos os maxilares.
O número de implantes necessários para reabilitar os doentes desdentados não é necessariamente o mesmo que o número de dentes em falta. Deste modo é imprescindível a avaliação do doente candidato a reabilitação.
Um único acto cirúrgico
Através dos avanços da medicina dentária, sobretudo na área da reabilitação oral em sintonia com a cirurgia oral e por vezes com a própria cirurgia maxilo-facial, hoje é possível proceder em apenas um acto à colocação de os implantes em ambos os maxilares, juntamente com as respectivas próteses provisórias fixas. Em casos menos favoráveis é ainda possível efectuar simultaneamente enxertos ósseos (ex: ilíaco) assim como corrigir deformidades craniofaciais que interferem na realização de próteses finais funcionais. (consultar texto deformidades)
Existe um conjunto diversificado de estratégias que podem e devem ser tidas em conta de forma a que o doente, para além de ter os seus dentes fixos, alcance a maior taxa de sucesso com previsibilidade no seu tratamento.
Desta forma, os desdentados totais ou aqueles que após avaliação clínica não possuam qualquer dente viável para a situação futura de reabilitação devem realizar um conjunto de exames e tratamentos prévios à própria fase cirúrgica com vista à colocação de implantes e simultaneamente de próteses fixas provisórias. São exemplo disso o tratamento periodontal de suporte (osso, gengivas/ mucosas).
Anestesia local, local e sedação ou geral
Trata-se de procedimentos que na sua maioria serão bem aceites e tolerados quando efectuados sob anestesia local. Para alcançar este tipo de sucesso cirúrgico deverá recorrer a uma equipa médica e auxiliar rotinada com capacidade de reduzir o tempo cirúrgico mantendo o elevado nível técnico, tanto na fase cirúrgica como na fase de reabilitação.
A anestesia geral reserva-se para procedimentos complexos como os enxertos ósseos extensos ou implantes malar-zigomáticos. Quando se efectuam enxertos é habitual que os implantes só sejam colocados 5 a 6 meses depois. Os implantes serão então colocados com anestesia local.
Muitas vezes fazemos simultaneamente o enxerto e a colocação dos implantes.
A zona dadora mais habitual é a crista ilíaca. O internamento é de 24 horas.
Tempos e intervalos de tratamento
Após uma primeira consulta, em que o clínico tomará conhecimento dos motivos da consulta do seu doente, e depois de realizado o plano de tratamento, o doente ficará informado através de um plano escrito de todas as fases do seu tratamento assim como dos custos referentes a cada uma das respectivas fases.
Após a primeira consulta o doente está preparado para a primeira fase de tratamento, a cirurgia.
Cerca de 10 dias depois de efectuada a cirurgia o doente deve voltar novamente à clínica para a consulta de avaliação pós-operatório assim como para verificação da adaptação das próteses provisórias nos casos em que estas sejam colocadas simultaneamente.
Após a consulta de controlo e de acordo com o tipo de reabilitação e tendo em conta as características individuais do doente (diabetes, etc) é definido o tempo durante o qual o doente deverá esperar pela cicatrização óssea (osteointegração) dos seus implantes. Geralmente este período varia entre as 10 e as 12 semanas.
Concluída a fase de osteointegração, o doente será novamente reavaliado de forma a puder iniciar o tratamento com vista à confecção de próteses finais.
O número de consultas para confecção das próteses finais é variável, dependendo da complexidade de cada caso.
Nos casos em que o doente o deseje e após um acordo com o laboratório, o tempo estimado para realização do trabalho final pode ser amplamente reduzido.
Tipo de reabilitação definitiva: opções - custo vs. benifício
Existem diferentes tipos de próteses que actualmente são utilizadas para reabilitar os doentes desdentados totais.
Actualmente a quase totalidade dos doentes desdentados totais é “metal free”, isto é, utiliza na estrutura das suas próteses com vista a dar a resistência mecânica necessária, por exemplo à mastigação, zircónia em vez de metal. Este material vem substituir o metal e permite entre outras vantagens melhorar o resultado estético final da prótese.
Sobre a estrutura final da prótese existem dois tipos de materiais que podem ser utilizados para confecção das coroas clínicas: acrílico e cerâmica.
A opção cerâmica geralmente conquista o doente, uma vez que o material se assemelha às características do dente natural, tantos pelas suas propriedades mecânicas como também pelas suas características estéticas, sobretudo na prótese do maxilar superior. Em alguns casos é actualmente aceite a utilização de cerâmica no maxilar superior e acrílico no inferior, opção muitas vezes utilizada em doentes com parafunção, caso dos bruxómanos.
Manutenção da reabilitação
Actualmente a equipa de higienistas esta totalmente integrada em todo o trabalho de reabilitação, desde a fase cirúrgica, passando por toda a fase prostodôntica tanto provisória como definitiva. A sua colaboração ser necessária durante todo o tratamento.
Cada doente deve recorrer, tanto durante o tratamento como após terminada a reabilitação, à consulta de higiene e manutenção oral, com o sentido de conhecer não apenas o conjunto de instrumentos disponíveis no mercado que o poderão auxiliar na sua higiene como ainda para confirmar que procede à sua correcta utilização.
Assim, cada caso obedece a intervalos de tratamento específicos, de acordo com condições de saúde oral individuais ou sistémicas, assim como por maior ou menor capacidade de distreza e assiduidade do doente.